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De Imbituba para o mundo: atletas amadores realizam o sonho de correr a Maratona de Boston
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Imagem arquivo pessoal - De Imbituba para o mundo: atletas amadores realizam o sonho de correr a Maratona de Boston
Luan Medeiros e Gustavo Mirandoli contam como a corrida transformou suas vidas, a amizade que surgiu no esporte e os obstáculos enfrentados até a prova mais tradicional do mundo
A paixão pela corrida pode começar como uma atividade complementar, um hobby de fim de semana, ou uma maneira acessível de manter a saúde em dia. Para Luan Floreste Medeiros e Gustavo Pazinato Mirandoli, iniciou assim, mas foi ganhando ritmo e levou a dupla até a Maratona de Boston, a mais antiga do mundo.
Luan, natural de Imbituba e atualmente morando em Palhoça, começou a correr em 2014. “Foi algo gradual. Me inscrevi para uma prova de 5 km e fui aumentando. Era acessível, podia praticar em qualquer lugar, e aos poucos fui galgando cada degrau”, conta. Gustavo, que é gaúcho, e mora atualmente em Imbituba, iniciou a corrida como esporte complementar ao futebol. “Em um momento eu quis melhorar minha preparação física. Comecei a correr e logo quis participar de uma prova. Daí pra frente, foi paixão à primeira vista.”

Maratona de Boston
Os dois atletas amadores estiveram na última edição da Maratona de Boston, a mais antiga do mundo e uma das mais prestigiadas. A amizade entre eles nasceu através de um amigo em comum, mas os atletas já se conheciam através das redes sociais, onde compartilham suas rotinas de corrida (@medeirosluanel - @gupasinatto). A parceria evoluiu rapidamente: viraram amigos e compartilharam a jornada até a prova internacional.
Apesar da corrida ser um esporte competitivo, a conexão que criaram fez com que a torcida mútua falasse mais alto do que qualquer tempo de chegada. “A partir do momento em que tu cria esses vínculos de amizade, a gente torce muito um pro outro. O Luan foi melhor que eu na prova, fez duas horas e cinquenta e quatro, eu fiz três horas e quatro. E eu fiquei feliz demais por ele”, destaca Gustavo.

Participar da Maratona de Boston trouxe desafios além da quilometragem. O clima foi um dos principais. “A gente treina pro ciclo no verão aqui no Brasil. Fazendo longão com 25, 30 graus. E chega lá, no dia da prova, tá 8 graus”, conta Gustavo. Luan complementa: “Correr no frio é bom? É, mas só quando há aclimatação. Sem isso, se torna um desafio a mais.”
Mas talvez o maior desafio tenha sido interno. “Nesse ciclo, meu maior obstáculo foi mental: aceitar que eu era merecedor. Às vezes a gente acha que precisa sofrer mais pra merecer, mas não é bem assim”, reflete Luan. “O Gustavo também deve ter tido suas questões. A lição que fica é que cada ciclo de maratona é uma reinvenção. A gente sai mais forte, mais estruturado.”
Mesmo com as dificuldades, o momento da largada e o clima da prova fizeram tudo valer a pena. “Você olha pro lado e tem gente gritando teu nome, te incentivando. É surreal. Mesmo sendo amador, naquele momento, você se sente um atleta profissional”, conta Gustavo. “A gente larga a pressão de tempo e aproveita. É sobre viver o momento.”

Um vício saudável
Correr se tornou mais do que um esporte. “É um vício bom”, dizem em uníssono. “Nos dias de descanso, dá vontade de correr mesmo assim. O corpo sente falta”, brinca Gustavo. Para os dois, mais do que os benefícios físicos, o bem-estar emocional proporcionado pela prática é o que mais impacta. “Se eu tive um dia ruim, 30 minutos de corrida mudam tudo. É quase terapêutico", completa.
Ambos destacam a importância de respeitar o tempo do corpo. “Hoje em dia tem muita gente querendo fazer maratona em seis meses. Mas a construção é lenta, com maturação física e respiratória. Se tentar pular etapas, a chance de lesão e frustração é grande”, reforça Luan. Gustavo complementa: “Esse processo de ir devagar não só protege a saúde, mas prolonga a vida no esporte.”
Apoio ainda é desafio para o esporte amador
Apesar da conquista, os atletas apontam a falta de incentivo ao esporte amador como uma barreira. Luan recebeu apoio de alguns empresários de Imbituba, mas não pôde acessar recursos do ProEsporte por não residir oficialmente na cidade. “Não quis usar o endereço de um familiar. Isso poderia tirar o lugar de alguém daqui, como o Gustavo”, diz. Já Gustavo, por morar em Imbituba, conseguiu utilizar o recurso.
Eles defendem que o incentivo ao esporte não pode ficar restrito a um único programa. “A gente precisa democratizar o acesso. Apoiar o atleta amador é incentivar saúde, autoestima, e mostrar pra mais pessoas que isso é possível”, ressalta Gustavo. Luan completa: “Mesmo com poucos seguidores, na época da prova meu Instagram bateu 160 mil visualizações. Ou seja, tem visibilidade, tem retorno.”

Inspiração para outros corredores
Mais do que desempenho, os dois atletas têm buscado escrever novas histórias. “O que vicia não é o pódio, é o processo. A vontade de se desafiar, de melhorar continuamente”, afirma Luan. Para quem está começando, o conselho é simples: vá com calma, tenha constância e, se possível, encontre companhia.
Por Redação RSC
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