Por Anna Luiza Siqueira 

O imbitubense ficou entre os 16 semifinalistas, que garantiram a vaga para competir o ano todo.  

No último final de semana ocorreu o Skate Total Urbe National (STU), em Criciúma, uma das etapas do circuito profissional brasileiro. O evento de abertura do calendário brasileiro de skate de 2023. Chancelada pela Confederação Brasileira de Skate - CBSK, a competição contou pontos para o ranking nacional nas modalidades Street e Park e reuniu, durante dois fins de semana, alguns dos principais nomes do skate brasileiro em uma grande celebração pelo skate e a cultura urbana.

O imbitubense Gustavo Picaski foi um dos destaques desta etapa. Prestes a completar 20 anos, o skatista ficou entre os 16 semifinalistas que garantiram a vaga para competir o ano todo. Em 9º lugar, ficando a 47 décimos de ir para a final, atrás do Pedro Barros, vice-campeão olímpico. O atleta garantiu 76.83 e Pedro 77.30. Além disso, Gustavo ganhou o BV Tricks, melhor manobra do campeonato. 

Na eliminatória, Gustavo classificou em primeiro lugar. A primeira fase na sexta feira, 03, competiu na primeira bateria, normalmente a mais temida de todas, por causa das notas serem mais baixas. As primeiras baterias servem de nota base para as outras na sequência. Gustavo correu na primeira bateria e se classificou em 1º lugar dentre 38 skatistas competidores.

Picaski, que nasceu em Curitiba, mas desde dos 11 meses de vida está em Imbituba, filho de Joel Melo Picaski e Cilmara Grillo Picaski, começou no skate no final de 2012. Ganhou seu primeiro skate do seu primo e da avó, e até os 10 anos de idade, andava apenas como uma simulação do surf, pois era o esporte que praticava até sofrer o trauma. 

O skatista contou um pouco do início da sua trajetória. “Comecei a andar de skate por causa de um trauma no surf, sofri um afogamento grave. Após isso, fui à Praia da Ribanceira, surfar, mas ainda estava inseguro de entrar no mar, isso foi umas duas semanas depois do trauma. No entanto, meu pai disse que tinha uma pista de skate ali próximo da praia, então fui rua por rua procurando pela pista, no meu primeiro dia de skate aprendi a maioria das manobras que outras crianças estavam tentando a algum tempo. Desde aquele dia comecei a frequentar a pista após a escola”, contou Gustavo.

“No meu primeiro ano como competidor, em 2014, fiquei na 4º colocação no ranking brasileiro, na categoria mirim. No ano seguinte, 2015, fui campeão. Hoje eu tenho 6 títulos de campeão brasileiro, dois de vice-campeão e um de 4º colocado, sendo eles todos entre as categorias, mirim, iniciante e amador (categorias de base). Em 2018, foi meu último ano como campeão amador, ganhei vaga para disputar no profissional, no qual venho até hoje dentro do circuito”, disse o skatista. 

Apesar de todas as conquistas, Gustavo e sua família passaram por dificuldades ao longo da sua carreira. “Durante toda minha trajetória passei por várias dificuldades, em eventos, também por algumas situações em que fiquei entre a vida e a morte, tive apendicite supurada e fiquei 5 dias internado no hospital. Em 2019 fraturei o pé, me recuperei, e na sequência tive uma fratura exposta gravíssima no úmero do braço esquerdo, onde hoje tenho 2 placas e 18 pinos”, contou ele.

Além das dificuldades pessoais, Gustavo enfrentou outro desafio, o local adequado para treinar. “Infelizmente não temos estrutura aqui na cidade em relação ao skate, há um projeto de uma pista, que estamos no aguardo do banco liberar o valor dela, pois todos os documentos estão certos, há várias pessoas por trás disso, batalhando por uma pista de skate de qualidade em Imbituba”, explicou Picaski. 

O pai do atleta, presidente da associação de skatistas de Imbituba, Joel Melo Picaski (Teko), comentou sobre o projeto. Estamos desde 2017 nessa trajetória para a pista, buscamos apoio de autoridades e representantes para a emenda, faz cinco anos, um processo muito demorado. Ficamos cobrando por muito tempo, agora estamos na fase final da licitação. A prefeitura só comprou o projeto porque nós conseguimos a isenção, que a empresa que fez o projeto deu para gente”, afirmou Teko.

“Aqui em Imbituba temos muitos talentos escondidos no skate. Não temos um lugar adequado. A gente tem esse projeto, e queremos que saia logo. Falando por mim, sou uma das pessoas que mais precisam dessa pista, tenho um talento formidável que não consegue treinar todos os dias, por causa de verba. Antigamente eu levava o Gustavo para Florianópolis para treinar, hoje eu não tenho mais condições. Hoje ele está nas cabeças dos campeões Olímpicos, andando com eles, como por exemplo o Pedro Barros. A gente sabe que o momento dele vai chegar, mas precisamos da pista”, explicou o pai.

“O Gustavo sempre foi uma criança muito focada. Quando comecei a levar eles nos campeonatos brasileiro, ele ganhava todos. Viajamos pelo Brasil para as competições, corremos muito. Foi puxado, cansativo, mas esse foco dele nos deixa muito feliz. Sabemos que vai chegar o momento dele”, completou Teko.  

O atleta ainda falou sobre apoio dentro do skate. “Eu gostaria de parabenizar as empresas na quais não medem esforços pra estar ajudando de alguma forma alguns atletas locais, como a Sul Gesso, que me patrocina, e a AN Empreendimentos, empresas locais da cidade que não tem relação com skate, mas que ajudam e incentivam muito”, completou Gustavo.

Na sua passagem pelo STU National, em Criciúma, no último final de semana, o atleta disse. “Foi algo que nem eu mesmo esperava, não tinha noção de como estava meu nível comparado ao da galera, o nível de skate tá absurdo, todo mundo quebrando cada vez mais. Nesse evento não esperava nada do que aconteceu, apenas queria andar e dar meu melhor para conseguir bater minha principal meta, que foi concluída, precisava me manter entre os 16 semifinalistas para garantir vaga, novamente, para o ano todo, porque no ano passado não tive bons resultados e perdi minha vaga de amador no profissional, mas agora pra Criciúma recebi o convite”, contou Gustavo.

“Fiquei muito feliz do que fiz nesse evento, tenho buscado cada vez melhorar mais, tanto como pessoa quanto como skatista. Queria deixar um agradecimento a todos que fizeram e fazem parte da minha história, agradecer a Deus, minha família, minha namorada, meus amigos, meus patrocinadores e a todo mundo que torce por mim, obrigado”, concluiu Picaski.