Central, que marcou época com a camisa da seleção, morre em São Paulo. Jogadora caiu do 17º andar de um prédio em São Paulo na última quinta-feira. Polícia investiga o ocorrido
Morreu na noite desta quinta-feira a ex-jogadora Walewska Moreira de Oliveira, aos 43 anos, em São Paulo. A ex-central, campeã olímpica com a seleção de vôlei nos Jogos de Pequim, em 2008, que estava aposentada desde o fim da temporada 2021/2022, caiu do 17º andar de um prédio em São Paulo no fim da tarde da última quinta-feira. As circunstâncias do ocorrido estão sendo investigadas pela polícia.
Walewska faz parte do seleto grupo de campeões olímpicos brasileiros. Em Pequim-2008, a central fez parte da conquista do primeiro ouro olímpico do vôlei feminino. Em Olimpíadas, ainda foi bronze em Sidney-2000 e ficou com o quarto lugar em Atenas-2004. Defendeu diversos clubes ao longo da carreira, como Minas, Osasco e Praia Clube, por onde se aposentou.
Walewska com a camisa da seleção nas Olimpíadas de Pequim — Foto: Getty Images
O Sul-Americano de vôlei 2022 marcou a despedida oficial das quadras. O último jogo da central foi diante do Regatas Lima, do Peru, pela fase de grupos. Na semifinal contra o Sesi-Bauru e na final contra o rival o Minas, Wal ficou como opção no banco de reservas, mas não foi utilizada durantes as partidas. Após a aposentadoria, o clube de Uberlândia deixou de usar a camisa 1, que a central vestia.
Walewska lançou sua biografia neste ano. Em "Outras redes", ela contou toda sua trajetória até as quadras. Aos 12 anos, saiu de casa e pegou o ônibus para o primeiro teste de vôlei no Minas. Ali, dava seus primeiros passos rumo a uma carreira de conquistas.
Conhecida por manter sempre um perfil elegante dentro e fora da quadra, Walewska influenciou uma geração de jogadoras no país. Na seleção, fez parte de diversas conquistas e marcou época. Walewska foi convocada para a seleção brasileira pela primeira vez por Bernardinho, em 1997. Com ele, conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999, e o bronze na Olimpíada de Sidney, em 2000. Depois, sob o comando de Zé Roberto, seguiu colecionando títulos.
Walewska Oliveira lança biografia em Uberlândia nesta quarta-feira — Foto: Divulgação
No Praia Clube, Walewska se reafirmou como uma das maiores centrais da história do vôlei brasileiro. Na temporada 2017/2018, foi o pilar da primeira conquista do clube na Superliga. Depois, passou um ano no Osasco, mas retornou à cidade mineira para seus últimos anos como profissional.
Walewska e suas homenagens após aposentadoria — Foto: Eliezer Esportes/Praia Clube
Nesta semana, Walewska participou de uma série de eventos em São Paulo. Ela foi ao centro de treinamento do Palmeiras e se encontrou com o técnico Abel Ferreira. Na visita, os dois trocaram livros e elogios.
Glórias em quadra
Walewska foi um dos pilares da geração mais vitoriosa do vôlei brasileiro. Ela, porém, nunca deixou de homenagear quem veio antes.
- Eu acho que começo a minha história tendo contato com a geração de 1996, que, para mim, é a geração do vôlei. Eu me emociono até hoje. Temos um grupo no Whatsapp com essas meninas que estão fazendo 50, eu fiz 40. Tudo o que eu aprendi no vôlei, ser e me comportar como atleta, foi com essas jogadoras. A Ana Moser foi uma atleta que me impactou muito. Eu cheguei à seleção com 17 anos, em 97/98, e a Ana ainda jogava, não na melhor forma dela. Mas ela tinha uma postura, uma coisa gigantesca e tão simples que tentei entender aquela liderança silenciosa que ela tinha. Eu perguntei a ela o que eu precisava fazer para ser daquela forma. Eu comecei muito observando ela, Virna, Leila, Venturini, Fofão.
Por onde passou, Walewska desempenhou papel de líder e capitã. Em quadra, tentava ser exemplo para as companheiras de forma natural.
– Para ser líder, você tem que dar exemplos de tudo. Essa minha formação, de como ser atleta, me mostrou que eu preciso me comportar o tempo inteiro. É uma coisa supernatural, sou eu mesmo, mas preciso me policiar. As meninas estão olhando sempre para mim, para minhas atitudes, a forma como eu falo com as pessoas, como eu reparto as coisas no vestiário. Isso vem muito da minha família, meus pais, e devo muito à educação que eles me deram. Respeito sempre os mais velhos, acho que a nova geração perdeu um pouco essa hierarquia, está meio conturbado hoje em dia.
- Eu tento trazer todo esse aprendizado, mas preciso vivê-lo no meu dia a dia. Querendo ou não, estou sendo observada. Não é fácil, mas é uma coisa natural e não é forçada. Acho que a pessoa não se transforma em um líder, a pessoa já nasce com isso. É muito difícil você transformar uma jogara em líder porque você quer, é muito difícil. Estou lendo livros de psicanálise para entender as pessoas, não julgá-las. Entendendo o porquê das coisas, a vida fica muito mais fácil - disse.
Fonte: ge
Deixe seu comentário