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Operação Mensageiro

Depoimentos revelam contradições entre os investigados em Lages

  • - No depoimento, o dono da Serrana, empresa pivô da Mensageiro, apontou envolvimento de ao menos cinco agentes públicos de Lages – Foto: Reprodução/ NDTV

Segundo MPSC, Lages foi a cidade com maior número de agentes públicos que teriam recebido propina em troca de favorecimento em licitações para serviços públicos

Depoimentos de investigados na Operação Mensageiro revelaram contradições nas versões do esquema de corrupção em Lages, na Serra Catarinense. Enquanto o dono da Versa Engenharia, antiga Serrana, acusa agentes públicos de receberem propina, os investigados, que trabalhavam na prefeitura do município, negam. 

Segundo o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), Lages foi a cidade com maior número de agentes públicos que teriam recebido propina em troca de favorecimento em licitações para serviços públicos. Em depoimento, o dono da Serrana, empresa apontada pela Operação Mensageiro como pivô do esquema, detalha o envolvimento de agentes públicos do município.

Como o esquema começou em Lages

O dono da Serrana conta que as negociações para o pagamento de propina teriam começado em setembro de 2016, em uma reunião com Jurandi Agostini, na época secretário da Semasa (Secretaria Municipal de Água e Saneamento).

“No final ele disse ‘olha eu preciso que você me arrume R$ 25 mil'”, lembra o dono da Serrana, que conta não ter questionado o pedido. “Eu entreguei porque esse Jurandi, ele que faz o meu pagamento, ele que faz o reajuste do nosso contrato, ele que renova”, justifica.

“Eu tenho declarado meu imposto de renda, tenho comprovantes de vendas de terreno esse ano, não tem nada fora, de ilegal nesse dinheiro que está em casa”, respondeu Jurandi Agostini em depoimento.

‘R$ 1,8 milhões’, relembra dono da Serrana

Outros funcionários da prefeitura que ocupavam cargos de chefia passaram a pedir sua parte para participar do esquema, mostram as investigações. O dono da Serrana lembra da visita que fez para o ex-secretário de Administração e Fazenda do município, Antônio Cesar Alves de Arruda, em dezembro de 2019.

“Ele, no final da reunião, me chamou mais perto e disse: ‘eu preciso que você me repasse R$ 50 mil por mês'”, fala o investigado, que a partir daquela data, começou a pagar o valor em propina mensalmente. “Foi um total, que eu sei, de R$ 1,8 milhões nesse período”, completa.

“Eu não me recordo”, afirmou Arruda em depoimento ao MPSC.

“Aí tem mais um agente, o ‘Hamilton’, Miltinho, o [nome do mensageiro] conversava muito com ele, ele é o técnico lá da Semasa. Eu queria dar uns R$ 2 mil, R$ 2,5 para o Miltinho, que ele sempre me atende muito bem lá”, cita

O citado se trata de Milton José Matias, flagrado num encontro com ‘mensageiro’ em Lages, em junho de 2016. Em depoimento, Milton negou ter recebido propina.

“Especificamente o que foi abordado, não sei se foi referente a uma documentação ou coisa assim, mas com recebimento de propina não foi”, afirmou Milton em depoimento.

Todos os citados pelo dono da Serrana, confirmam conhecer o empresário, mas negam ter recebido propina.

‘Mensageiro’ confirma entrega de envelopes encontrados em casa de agente público

No depoimento, o dono da Serrana relembrou quando Eroni Delfes Rodrigues, secretário de serviços de Meio Ambiente de Lages, decidiu se candidatar ao cargo de vereador do município.

“Em 2020 ele saiu da secretaria para ser candidato a vereador. E nessa época, ele me pediu um dinheiro de R$ 80 mil. Certamente era para ajudar as custas dele, sei lá”, fala o empresário.

Na casa de Delfes foram apreendidos envelopes de cor parda, com o nome dele, e a sigla “LGS”, que seria uma referência a Lages, nos mesmos moldes que a Serrana pagava a propina em todos os demais municípios investigados, mas ele nega ter recebido os pagamentos. Em seu depoimento, o “mensageiro”, homem responsável por entregar a propina aos agentes públicos e que deu nome à operação do MPSC, confirmou o pagamento para cada um dos agentes. Além disso, ele descreveu a sigla utilizada no envelope que trazia as propinas.

Antônio Ceron, prefeito de Lages, é citado nos depoimentos

O dono da Serrana relembra em depoimento quando ofereceu R$ 800 mil em propina para vencer uma licitação de iluminação pública. Na ocasião, o valor seria destinado ao prefeito de Lages, Antônio Ceron.

“Eu disse ‘se eu ganhar essa licitação eu dou R$ 800 mil para vocês. Eu entendi que ‘para vocês’ era ele, o prefeito e a equipe dele”, fala o dono da Serrana.

Segundo ele, todos os agentes públicos que receberam a propina eram de “extrema confiança” de Ceron.

“O Arruda é um secretário que é uma pessoa de confiança do prefeito. Eu conheço ele há muito tempo, ele e mais alguns secretários são de extrema confiança do prefeito”, detalha.

Contraponto

As defesas de Antônio Ceron, Eroni Delfes Rodrigues, Antônio Cesar Alves de Arruda e da Versa Engenharia, antiga Serrana, não quiseram se manifestar.

A reportagem não conseguiu o contato de Milton José Matias e Jurandi Agostini. Ambos respondem ao processo em 1ª instância e estão em prisão domiciliar.

Fonte: ND+


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