Vistos, dólar e exportações: como eleição de Milei na Argentina pode impactar Santa Catarina
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- Para a economia, uma das propostas defendidas pelo anarcocapitalista é o fim do Banco Central – Foto: Luis Robayo/AFP
Assim como o Brasil, Argentina compõe o Mercosul e países podem ter relações econômicas estremecidas, caso Milei implemente mudanças drásticas no setor
A trajetória cercada de polêmicas e falas problemáticas colocou os holofotes de todo o mundo sobre o economista Javier Milei, eleito como novo presidente da Argentina. Se implementadas, as ideias de Milei para a economia argentina poderão abalar as relações econômicas no Brasil e em Santa Catarina.
A vitória de Javier Milei e o futuro econômico
Javier Milei defendeu que uma das primeiras medidas a serem implementadas durante o seu governo seria a de retirada da Argentina do Mercosul – bloco econômico integrado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Através das redes sociais, o presidente Lula parabenizou as “instituições argentinas” pelo resultado e afirmou que a “democracia é a voz do povo”. O país é um dos principais parceiros econômicos do Brasil.
Para o doutor em Economia e professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Daniel Vasconcelos, como um dos países “signatários” do Mercosul, a Argentina não pode oficializar a saída do acordo a partir de decisões “unilaterais”.
“Não é simplesmente o presidente dizer que vai sair que isso vai se concretizar, ele precisa fazer com que uma proposta de saída passe por todas as instâncias legislativas e institucionais pertinentes, dentro do próprio país”, explica o especialista.
Mesmo com a vitória, Milei não possui a maioria de apoiadores do partido nas cadeiras do Senado, o que pode influenciar diretamente em passos futuros.
Dos 72 senadores, o partido La Libertad Avanza possui apenas oito eleitos.
Em um cenário favorável à saída do país do bloco econômico, as relações empresariais com os países vizinhos também buscam se adaptar à situação.
“Se ele realmente sinalizar uma saída, como esse processo é negociado e alongado durante o tempo, ou seja, não vai acontecer em um horizonte curto, as empresas se antecipam a um movimento futuro e se preparam para isso com todas as proteções que puderem obter para evitar um trauma econômico maior”. – Daniel Vasconcelos, economista e professor da UFSC.
O caminho natural, de acordo com a análise do economista, é que as empresas nacionais que exportam e importam produtos e serviços para a Argentina passem a redobrar os cuidados em contratos firmados com fornecedores do país vizinho, para reduzir as chances de “inseguranças jurídicas”.
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O economista explica ainda que, a curto prazo, as medidas acertadas entre os países devem ser mantidas, já que antes de implementar qualquer tipo de mudança nesse sentido, é necessário “tentar convencer” os cidadãos argentinos e o congresso de que a medida é benéfica ao país.
“Acredito que a Argentina tem a percepção de que tem mais a ganhar do que a perder permanecendo no Mercosul […] é um tratado internacional, ele não pode revisar tratados internacionais de forma unilateral, autônoma, sozinha e de forma personalista, isso está um pouco além do alcance dele como presidente, já que depende de muitas outras pessoas”, pontua o especialista.
Jorginho parabenizou Milei
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) também parabenizou Javier Milei pelo resultado das eleições e desejou que ele “faça uma grande gestão”. Jorginho ainda avalia se vai comparecer à posse do novo líder argentino.
Por ND+
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