Aumento vai na contramão do país, que registrou queda de 3% no período. Foram 321 mortes nos primeiros seis meses deste ano, de acordo com o Monitor da Violência.

O número de assassinatos em Santa Catarina cresceu 5,2% no primeiro semestre de 2023, segundo dados do Monitor da Violência, índice nacional de homicídios criado pelo g1 com base nos dados das secretarias de Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal. Os dados foram publicados nesta quinta-feira (17).

Foram 321 mortes nos primeiros seis meses deste ano, contra 305 no primeiro semestre de 2022 em Santa Catarina. O aumento vai na contramão do país, que registrou queda de 3,4% no período. No índice, que soma os homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), lesões corporais seguidas de morte e latrocínios (roubos seguidos de morte), apenas o último crime teve queda em relação ao cenário do ano passado.

Os dados de 2023 apontam que:

• No primeiro semestre de 2022, o Estado registrou 10 casos de latrocínio. Neste ano, o número caiu para três - o que representa diminuição de 70% nos casos;
• Os casos de morte por lesão corporal cresceram 37.5%. Foram 11 mortes em 2023 e 7 no ano de 2022;
• Em relação ao crime de homicídio doloso (quanto há intenção de matar), foram 307 neste ano, contra 288 no último ano. O crescimento foi de 6,5% (veja abaixo a evolução dos crimes por mês).

O levantamento, que compila os dados mês a mês, integra o Monitor da Violência, o Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que no começo do ano houve aumento de mortes violentas na região de Joinville, no Norte, por conta de disputas entre grupos criminosos que tentam se instalar em Santa Catarina. Isso, para a pasta, contribuiu no aumento do índice.

De lá para cá, houve a intensificação de ações policiais, monitoramentos de inteligência, operações, prisões e apreensões, segundo o governo do Estado. Com isso, a secretaria afirma que "se percebe um outro cenário, com diminuição significativa em relação ao quantitativo dos primeiros meses do ano" (veja o gráfico acima com os casos por mês).

"Especificamente o número de homicídios registrado este ano, por exemplo, já é inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior", disse o governo.

"A SSP-SC salienta que o Estado de Santa Catarina possui um dos menores indicadores criminais do País, sendo reconhecidamente apontado em estudos a respeito".

Queda no Brasil, mas aumento em SC

Nacionalmente, Santa Catarina é o sexto estado com maior alta em 2023 e acompanha outras nove unidades da federação que também tiveram crescimento nos assassinatos. São elas: AC, AL, AP, ES, MA, MG, RJ, RS, TO. Em relação ao primeiro balanço do ano sobre as mortes de violentas, houve uma diminuição no índice. Até março, o aumento dos assassinatos chegou a 15% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Presidente da Comissão de Segurança, Criminalidade e Violência Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina, Guilherme Stinghen Gottardi, diz que o aumento dos casos de mortes de mulheres em contexto de violência doméstica e, principalmente, a mudança no comportamento do crime organizado, são os principais pontos para explicar o aumento.

"O aumento do número de mortes se deve principalmente ao aumento da disputa territorial entre grupos criminosos rivais, que resultam em confrontos que têm como consequência os homicídios, como no caso ocorrido no Norte do Estado", afirma.

Em relação ao aumento das mortes de mulheres, o presidente da comissão destaca que, embora a legislação traga medidas protetivas para as vítimas, "a prática mostra que a lei não é suficiente para garantir a segurança dessas mulheres".

Santa Catarina registrou aumento de 3% nos feminicídios. Foram 30 mortes nos primeiros seis meses deste ano, contra 29 no mesmo período do ano passado.

43% das vítimas foram assassinadas por arma branca em SC no 1º semestre de 2023

Fim do cenário de queda nacional

O advogado que também acompanha os números nacionais explica que "apesar da alta do índice em Santa Catarina ser na contramão do mais recente índice nacional, a tendência de queda dos números nacionais pode estar terminando. Isso porque, conforme o defensor, estados do Sul e Sudeste que costumavam ter menos mortes nos últimos anos também estão se deparando com aumento delas.

Fonte: g1 sc