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Coluna #4: QUANDO OS INTERESSES SE ENCONTRAM

  • Imagem Otaviano Carvalho RSC - QUANDO OS INTERESSES SE ENCONTRAM

Por Otaviano Carvalho

Em meio a tantos holofotes e mídias divulgando crescimentos e mais crescimentos portuários, que bom que isso aconteça — é sinal de que há movimento, investimento, perspectivas. Mas, enquanto rios de dinheiro são desembocados para poucos, muita coisa precisa ser ajustada. Porque, ao mesmo tempo em que se celebra esse “progresso”, há uma cidade que sofre. Imbituba sofre.

Tive que vir aqui, infelizmente, mais uma vez escrever na tentativa de que o progresso, o bem-estar e a saúde andem em conjunto. Já escrevi anteriormente sobre um assunto parecido — e é lamentável perceber que pouco ou nada mudou.

Imbituba está diante de um cenário que já ultrapassou o limite do aceitável. A movimentação de cargas portuárias, que deveria ser sinônimo de desenvolvimento, tem gerado desconforto, medo e adoecimento. Moradores relatam, dia após dia, os impactos causados por produtos que sobem poeira, cheiro forte e sensação de sufocamento. É o tipo de progresso que, em vez de impulsionar, adoece.

E o mais revoltante é perceber que, enquanto a população sofre, muitos dos que deveriam nos defender viram o rosto, desviam o olhar, cruzam os braços. A omissão é visível. E do silêncio das autoridades nasce um ruído ensurdecedor de abandono.

A pergunta que se impõe é simples: até quando? Até quando a população vai precisar implorar por ar respirável? Até quando os caminhões obrigados por empresas continuarão espalhando resíduos pelas vias públicas como se fosse normal? Até quando trabalhadores serão pressionados a se calar diante do risco de perder o emprego?

E o mais grave: quando há suspeitas de que interesses econômicos se sobrepõem ao dever de fiscalização, é impossível não refletir sobre o peso do silêncio das autoridades. Um silêncio que incomoda mais do que o próprio cheiro do produto transportado. Um silêncio que protege estruturas, mas expõe a população.

Não se trata de ser contra o porto. Não se trata de impedir o desenvolvimento. O que se pede — o que se grita — é por respeito. Por responsabilidade. Por humanidade.

Que esse apelo seja ouvido. Que as instituições cumpram seu papel. Que não haja conflito de interesses. E que, finalmente, o progresso deixe de sufocar a cidade que o abriga.

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