Saiba um pouco da história da menina que viralizou ao sair da cadeia depois de 9 anos presa após fazer parte do assassinato de sua mãe

Gypsy Rose Blanchard. Um nome um tanto quanto diferente. Seu significado literal: Cigana (Gypsy) e Rosa (Rose). Sua história: uma das mais chocantes e trágicas, porém, com um final feliz e de muita transformação. Gypsy nasceu em 27 de julho de 1991 e desde muito nova acreditava que possuía uma série de doenças. Sua mãe, Dee Dee Blanchard, sofria com um tipo de síndrome de Munchausen, um transtorno factício psicológico onde a pessoa finge e simula ter doenças (podendo até forçar o aparecimento de algumas), para receber atenção ou algum tipo de ajuda. 

No entanto, Dee Dee projetou as doenças em sua filha, conseguindo a atenção de todo os Estados Unidos. As duas viraram um caso que rendeu séries e documentários, pois Gypsy, quando descobriu as mentiras, participou do assassinato de sua mãe. Ela achava que aquela seria a única maneira de escapar de anos de abuso.

A manipulação

Assim que Gypsy nasceu, Dee Dee iniciou sua carreira de mentiras, afirmando para o pai de sua filha e os familiares que ela possuía uma síndrome cromossômica não-identificada. Devido a essa suposta síndrome, Gypsy teria diversas complicações que a impediam de andar e atrasavam sua aprendizagem, entre outras dificuldades. Dee Dee também chegou a dizer que a menina teria contraído Leucemia.

Gypsy ficou conhecida nacionalmente ainda muito nova, chamando a atenção das câmeras jornalísticas por seu carisma e fofura. Sua mãe, sabendo disso, se aproveitou, conseguindo a ajuda de médicos, planos de saúde, parentes, vizinhos, ONGs, jornalistas e até o próprio governo dos EUA. Foram mais de 20 anos de abuso mental e físico. 

Gypsy foi roubada de sua infância e adolescência e quase perdeu sua fase adulta por um grande erro.

O crime

Uma das mentiras que Dee Dee inventava sobre sua filha era a idade. Durante o longo período de manipulações, nem a própria Gypsy sabia quantos anos possuía. No entanto, quando começou a amadurecer, dúvidas e sentimentos importantes para um jovem adulto surgiram. O mais importante foi que ela percebeu que não era incapaz de andar. A partir disso, Gypsy começou a entender o que estava acontecendo. 

Com 20 anos de idade, em 2012, a jovem conheceu virtualmente Nicholas Godejohn. Os dois formaram um relacionamento escondido de Dee Dee e em 2015, com o objetivo de escapar dos abusos e da prisão mental dela, bolaram um plano para assassina-lá.

Dee Dee Blanchard foi assassinada em 10 de junho de 2015. Nicholas esfaqueou-a até a morte enquanto Gypsy se escondia no banheiro. Após o ato, os dois fugiram para a casa de um amigo na cidade de Wisconsin. 6 dias depois, foram localizados e presos pelas autoridades.

A condenação 

Gypsy Rose Blanchard e Nicholas Godejohn foram julgados separadamente pelos papéis que desempenharam no crime.

Gypsy se declarou culpada de conspiração de segundo grau para cometer homicídio. Em julho de 2016, ela foi condenada a 10 anos de prisão. Na defesa, seus advogados utilizaram o argumento de que ela sofria de síndrome de Munchausen por procuração, devido à manipulação e abuso contínuo de sua mãe. Além disso, procuraram propor uma sentença mais leve com base na ideia de que ela era uma vítima de abuso psicológico.

Godejohn foi considerado culpado de assassinato em segundo grau em novembro de 2018. Ele recebeu uma sentença de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Sua defesa alegou insanidade e argumentou que ele sofria de vários distúrbios mentais, os quais impediam ele de entender completamente a gravidade de seus atos. No entanto, o júri considerou ele responsável por suas ações.

A calma depois da tempestade

O caso repercutiu mundialmente e rendeu produções audiovisuais como The Act (Hulu), estrelada por Joey King e o documentário “Mamãe Morta e Querida” da HBO Max. Gypsy, no dia 28 de dezembro de 2023, saiu da prisão após cumprir 75% de sua pena e, desde então, está colhendo milhões de seguidores pelas redes sociais, bem como uma atenção especial da mídia norte-americana. 

Agora ela já é adulta. Completa seus 33 anos de idade no dia 27 de julho. Em entrevistas para os canais Lifetime, Entertainment Tonight e o programa The View (Canal ABC), Gypsy mostra seu amadurecimento e entendimento de tudo que viveu e mostra também seu arrependimento pelo crime. Hoje, ela sabe que sua mãe sofria com uma doença e que precisava de ajuda. Além disso, Gypsy também quer dar luz e falar sobre a Síndrome de Munchausen.

Em entrevista à revista People, publicada no dia 27 de dezembro, Gypsy Rose fala sobre o sentimento de arrependimento pelo crime.

“Ela não merecia isso [...] ela era uma mulher doente e infelizmente eu não tive educação suficiente para ver isso. Ela merecia estar onde estou, sentada na prisão cumprindo pena por comportamento criminoso”, complementou.

“Se eu tivesse outra chance de refazer tudo, não sei se voltaria a quando era criança e diria aos meus tios e tias que não estou doente e que a mamãe me deixa doente”, diz Gypsy agora. “Ou, se eu voltasse exatamente ao ponto daquela conversa com Nick e dissesse a ele: ‘Quer saber, vou contar tudo à polícia'”, complementou.

Gypsy conta sua história, a sua versão dos fatos, através do documentário produzido pela Lifetime: As Confissões na Prisão de Gypsy Rose Blanchard (The Prison Confessions of Gypsy Rose Blanchard). No momento, a produção não está disponível no Brasil, porém, se você quiser acompanhar Gypsy e seu processo de ressocialização na sociedade, é só seguir seu perfil no Instagram, @gypsyrose_a_blanchard (ou clique aqui).

Por Vítor Fernandes​
Com informações: CNN Brasil, Lifetime Channel, The View e Entertainment Tonight