Bebê dado como morto chora dentro do caixão durante sepultamento
Coluna 12#:O silêncio dos que saem cedo
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Foto: Reprodução Internet - Coluna 12#:O silêncio dos que saem cedo
Por Arenilton Carvalho
Tenho acompanhado de perto as sessões da Câmara de Vereadores de Imbituba, como cidadão, como membro da imprensa e como alguém que acredita na importância da política feita com seriedade e respeito. E um comportamento recorrente tem chamado atenção — e não de forma positiva. Durante a última parte das sessões, conhecida como explicações pessoais, muitos vereadores simplesmente se levantam e vão embora. Sem justificativa. Sem olhar para trás. Sem sequer respeitar os colegas que permanecem.
Esse momento, vale lembrar, é um espaço legítimo e previsto no Regimento Interno. Cada vereador tem até 10 minutos para se expressar livremente, sem interferências, podendo prestar contas de suas ações, apresentar ideias, críticas, sugestões ou mesmo fazer uma fala mais simbólica, emocional ou política. É um tempo que, bem utilizado, aproxima o vereador do povo, reforça o compromisso com a transparência e mostra que ele tem o que dizer além da pauta burocrática.
Não usar esse espaço é um direito. Mas sair da sessão, como alguns têm feito rotineiramente, é um gesto que vai além da escolha pessoal — é um sinal de desrespeito institucional. Abandonar o plenário no momento em que um colega fala é virar as costas para o debate e para a democracia. É demonstrar que só importa o que eu digo, e que o que o outro tem a dizer não é digno nem de ser ouvido. Isso, infelizmente, vem se tornando comum, e é preciso falar sobre isso antes que se normalize.
Mais que um problema de etiqueta parlamentar, esse comportamento revela um sintoma preocupante: o enfraquecimento do espírito de coleguismo e da escuta, que são pilares do Legislativo. Ouvir o outro, mesmo em silêncio, é parte fundamental do processo político. Não é só sobre concordar ou discordar — é sobre respeitar a representatividade alheia, ainda que ideologicamente distante. E é sobre entender que o parlamento é um espaço coletivo, e não um palco individual.
Se um vereador não tem o que dizer naquele momento, tudo bem. Mas que fique, que escute, que honre a função para a qual foi eleito. Porque, no fim das contas, quem sai antes perde a chance de ouvir, de aprender e até de se inspirar. E quem fica falando para cadeiras vazias, além da frustração, carrega nas costas o peso de manter de pé uma prática que deveria ser de todos. O povo está assistindo, e o silêncio de quem sai cedo, aos poucos, começa a dizer muito.

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