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A arte de fuxicar: conheça esta prática de artesanato que faz parte da cultura de Imbituba

  • (Imagem Freguesia MIrirm) - A arte de fuxicar: conheça esta prática de artesanato que faz parte da cultura de Imbituba

Trabalho de origem africana, o fuxico é uma prática utilizada pelos moradores do bairro Mirim

O fuxico é uma técnica ancestral que remonta há pelo menos 150 anos, vem conquistando cada vez mais espaço no universo da moda. Estilistas como Carlos Miele, Jean Paul Gaultier e o mineiro Renato Loureiro, utilizaram amplamente esta modalidade artesanal em suas coleções.

Maria de Lourdes, mais conhecida como “Filhinha”, compartilhou a sua relação com o artesanato do fuxico, uma prática antiga, que carrega muita história na região. Aos 60 anos, Maria de Lourdes vive no bairro Mirim desde os seis anos de idade e é uma figura conhecida na comunidade, envolvida em diversas atividades culturais.

O fuxico

Inicialmente, o fuxico era um trabalho manual de origem africana, simbolizando remendos. "Com a colonização do Brasil, esse fazer veio junto com os escravos e colonizadores. Ele veio do continente africano, passou por Portugal e pelo arquipélago dos Açores, e de lá, com a colonização, chegou ao Brasil", explica Maria de Lourdes.

Em Imbituba, especialmente na região do Mirim, o fuxico é uma prática viva e utilizada pelos moradores. A comunidade se engaja em diversas atividades relacionadas ao artesanato, como a festa do Divino Espírito Santo, onde o evento é voltado para a cultura açoriana. "Nos últimos três anos, por conta da pandemia, tivemos que inovar e começamos a preparar algumas coisas com fuxico, a árvore de natal é um exemplo disso", explicou Filhinha.

Maria de Lourdes também destacou a importância do fuxico para a memória histórica da comunidade, visto que o bairro Mirim é o mais antigo de Imbituba, assim, carregando muita história consigo. "A partir do momento que você retoma algo que foi muito usado e trabalhado, a memória histórica das pessoas vem à tona e isso faz com que o que é trabalhado hoje seja valorizado", afirmou. A prática também envolve reciclagem, utilizando restos de tecidos e outros materiais doados pela comunidade.

A associação cultural da freguesia do Mirim, da qual Lourdes faz parte, é ativa na arte do fuxico. A associação participa de eventos onde apresentam práticas culturais específicas da região. "Estamos sempre pensando no que podemos fazer para mostrar e manter a nossa tradição", disse ela.

A arte de fuxicar

O que distingue uma forma de artesanato da outra são as poucas diversificações que contribuem para a criação de novos padrões e conferem a cada uma destas modalidades virtudes específicas. O fuxico é uma das ramificações artesanais mais bem sucedidas no Brasil, e começa a transpor as fronteiras com a ajuda dos estilistas brasileiros.

Ele é composto especialmente com a união de várias pequenas trouxas de tecido, as quais, entretecidas, constituem flores coloridas. Estas, ao se conectarem, dão um novo visual a confecções, bolsas, tapetes, colares, broches, colchas, entre outros itens. Na elaboração desta técnica são normalmente utilizados: tesoura, retalhos de tecidos, agulhas, linhas, um molde de formato redondo.

A expressão que dá nome a este artesanato provém do interior da própria cultura popular. Na região nordeste do Brasil as mulheres se uniam para confeccionar e, enquanto isso, não perdiam tempo, colocavam fofocas e mexericos em dia, ou seja, realizavam seus famosos fuxicos. Assim nasceu o termo que batizaria esta modalidade artesanal.

Por Leandro Silveira 

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