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Luz, câmera, ação: relembre os históricos cinemas da cidade de Imbituba

  • (Imagem Facebook/Memórias de Imbituba) - Luz, câmera, ação: relembre os históricos cinemas da cidade de Imbituba

Revisitando os cinemas que moldaram a vida cultural da cidade

Nos armazéns do Porto de Imbituba, encontrava-se uma diversidade de ocupações. No terceiro armazém, entres os moinhos, ficava o primeiro cinema do município, o Cine Ideal, instalado em 1937, de propriedade do espanhol Gerente do Imbituba Hotel, Manoel Costa Moure. 

O cinema tinha poltronas ao longo do espaço e balcões (torrinhas), propriamente chamados de "poleiros", nesse espaço, os ingressos eram mais baratos.  Não só filmes eram oferecidos, como os de Charles Chaplin, filmes mudos, falados e sincronizados também faziam parte da programação.

Peças teatrais e musicais também faziam parte da programação, sendo apresentadas por grupos locais. O palco, com tela para filmes, ficava mais elevado, encobrindo uma caixa abaixo do assoalho, onde permanecia uma pessoa responsável pelo "ponto", isto é, com o texto da peça teatral nas mãos. Sem ser visto pela plateia, acompanhava a fala do personagem, ditando a palavra ou frase, caso fosse esquecida por um deles. 

Quando anoitecia, antes do começo da sessão, os rapazes se posicionavam ao longo da Ernani Cotrim, enquanto as moças faziam a prática do "Footing", que consistia em ir de um ponto a outro para flertar com seu pretendente ao som das músicas: "Brasileirinho", "Delicado" e outras.

Anos depois, proprietários do Cine Ideal, sob a tutela "Jeremias & San´t Anna", lançavam folhetos publicitários sobre filmes inéditos que seriam apresentados a partir de 01/02/1935. Os folhetos eram impressos, gratuitamente, na tipografia das docas.

Os demais armazéns serviam como depósitos de carga diversas, recebidas ou para serem enviadas por navios e trens. Na década de 50, num deles, eram montados e pintados os carros alegóricos de muitos carnavais. Todos eram confeccionados na carpintaria da Docas e pintados por funcionários do escritório.

Sucessos de bilheteria

Os filmes que lotavam e trazia uma multidão de pessoas para as telonas eram de: "Mazzaropi", "Oscarito", "Grande Otelo", "Anselmo Duarte", "Tônia Carneiro", "Os de Cowboys", "O gordo e o Magro", etc.

O adeus do Cine Ideal e a ascensão do Cine Marabá

Com o fechamento do Cine Ideal, o empresário Presalino Santanna comprou a aparelhagem cinematográfica e poltronas, montando-as num dos seus imóveis, na Rua Ernani Cotrim. Nascia, assim, num barracão de madeira o "Cine Marabá", onde se encontram as lojas "Irmãos Candemil". Seu cunhado, José Dias Malaquias, era o Gerente. Por causa da mudança para outro estado, Presalino vendeu o Cine Marabá para Boaventura Duarte e seu outro cunhado, Manoel de Oliveira (Manoel do Buraco).

"Para muitos, a rotina do fim de semana incluía uma ida à missa seguida de uma sessão de cinema. O Marabá representava não apenas entretenimento, mas também era um importante espaço cultural onde a comunidade se encontrava e se conectava", relata Maria de Lourdes, uma frequentadora assídua do Cine Marabá.

A queda do Marabá

Em 03 de fevereiro de 1965, foi inaugurado o novo Cine Marabá. Confortável, amplo, na Rua Nereu Ramos, pelo antigo proprietário Boaventura e seu novo sócio, Abady Rufino de Souza.

Com a chegada da televisão, apresentando as telenovelas, e com uma linha de filmes não tão aclamados, o público deixou de frequentar o cinema, que foi palco de grandes outros eventos culturais, como festival de música, formaturas e entrega de prêmios aos alunos pela Receita Federal e pela Empresa dos Correios.

Lourdes ainda destaca a importância deste cinema para a nossa cidade. "Frequentar o Cine Marabá era algo rotineiro entre os jovens. As sessões das seis e as matinês eram momentos aguardados com ansiedade, um ponto de encontro obrigatório. A importância do Marabá para a cidade de Imbituba é lembrada com saudade, especialmente pela falta que faz um espaço cultural como esse no município atualmente", diz ela.

O cinema foi ponto de encontro das famílias imbitubenses e encerrou as suas atividades em dezembro de 1987, após uma série de crises financeiras.

Por Leandro Silveira 


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