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Desmonte do CEREM: ex-Secretário de Saúde e Pré-candidato a prefeito de Imbituba sob críticas por transferência polêmica e condições precárias

  • - Foto: divulgação

Projeto que atendia cerca de 1800 mulheres por mês, sofre desmonte pelo poder executivo do município

O Centro Especializado de Referência para Mulheres (CEREM), criado em 4 de junho de 2008, surgiu da necessidade de um espaço para o atendimento da mulher, atendendo de jovens até a terceira idade. O projeto, que atendia cerca de 1800 mulheres por mês, não só contemplava o atendimento médico, mas também realizava grupos de yoga, terapia, psicoterapia, recuperação pélvica, trabalho com gestante e outras especialidades.

“Os grupos eram fundamentais para o desenvolvimento das mulheres, o grupo de psicoterapia, por exemplo, tirou muitas mulheres que não saiam de casa há 10,15 anos por causa da depressão e outros problemas emocionais”, relata a fonte, que preferiu não se identificar.


CEREM em pleno funcionamento - Foto: divulgação


Os principais desafios enfrentados eram a falta de funcionários efetivos, de enfermagem  à serviços gerais, assim, dificultando o trabalho, pois havia uma troca constante destes colaboradores. Com o tempo, foi inserido atendimento obstétrico, ginecológico, biópsias, terapias, nutricionista, atendimento psicológico e demais atendimentos ambulatoriais. Vale ressaltar que, o único tratamento ginecológico de Imbituba era realizado pelo CEREM.

O trabalho feito pelo CEREM trouxe inúmeros benefícios para as mulheres. Ao decorrer do projeto, foi atendido uma demanda muito grande de mulheres com câncer e as terapias foram muito importantes para ressignificar este complicado momento. 

"O desmonte aconteceu com a mudança do secretário", relata a fonte. "Quando o secretário Emanoel Matos chegou ao CEREM, ele decidiu que o local atual não era adequado e pediu que procurássemos uma nova casa. Conforme o índice imobiliário, o local inicial do projeto era uma casa alugada, que chegou a custar R$ 5.000,00 ao mês. A casa tinha acessibilidade, mas precisava de revitalização, pintura, algo que não era feito há 15 anos. Conseguimos R$ 100.000,00 para essa revitalização, mas a decisão foi transferir o CEREM para outro espaço,” diz ela.


Antiga sede do CEREM - Foto: divulgação


Transferência de local

O CEREM, prestes a completar 15 anos, foi realocado para uma casa antiga, que, segundo as colaboradoras, não atende às necessidades básicas de um centro de saúde. "A casa, com mais de 50 anos, tinha cheiro de mofo. Mesmo após uma reforma, o local não tinha condições adequadas. Banheiros mal posicionados, quartos com mofo e rampas de madeira inadequadas eram apenas alguns dos problemas," continuou a fonte.

A escolha do novo local gerou polêmica entre as colaboradoras do projeto. "Emanoel Matos não nos consultou referente a transferência de local, o que nos incomodou. No entanto, o problema maior é a condição do espaço. Todo o material do CEREM foi armazenado em guarda-roupas fechados há anos, o que é inaceitável para um centro de saúde," destacou a fonte.

Foi efetuada uma denúncia, a mesma foi encaminhada ao Conselho Municipal da Mulher, resultando em uma investigação por parte do Conselho Regional de Enfermagem, da Vigilância Sanitária do Estado e do Corpo de Bombeiros. As rampas improvisadas e a estrutura inadequada colocaram em risco a segurança e a saúde das mulheres atendidas.

O CEREM foi transferido para a policlínica, revoltando as colaboradoras do programa, pois, segundo as mesmas, o espaço deixou de ser o centro de referência para a mulher e passou a ser apenas uma policlínica comum, sem foco e atenção para o público feminino.

Segundo o ex-secretário, o CEREM era um gasto para a Secretaria de Saúde e não trazia nenhum benefício para a pasta, já que o provento era exclusivo do Programa Saúde da Mulher, programa este que, era de desconhecimento do ex-secretário.

O futuro do CEREM

O Ministério Público, por sua Promotoria de Justiça, cientificou o Presidente da Câmara de Vereadores de Imbituba acerca do ajuizamento de Ação Civil Pública, objetivando assegurar o pleno funcionamento do Centro de Referência da Mulher (CEREM).

Além da cientificação, O Ministério Público fez uma série de exigências para o pleno funcionamento do CEREM, dentre elas:

  • Apresentar atestado de funcionamento vigente, expedido pelo Corpo de Bombeiros, referente à sede do CEREM, no prazo de 30 (trinta) dias;
  • Apresentar alvará sanitário vigente, para o serviço do CEREM, expedido pela Vigilância Sanitária Estadual, no prazo de 30 (trinta) dias;
  • Comprovar que foram atendidas todas as demais exigências do Auto de Intimação recebido da Vigilância Sanitária Estadual neste ano, no prazo de 30 (trinta) dias;
  • Providenciar nutricionista para o atendimento do Cerem, em período integral, enquanto perdurar o afastamento o afastamento da antiga profissional, no prazo de 30 (trinta) dias, com manutenção dos demais membros da equipe: uma psicóloga, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, duas estagiárias na recepção, três ginecologistas obstetras, uma coordenadora/assistente social e uma auxiliar de serviços gerais;
  • Retomar os grupos de apoio (seja com profissionais do próprio CEREM, ou outros vinculados ao Município, ou até mesmo por voluntários), em espaço amplo que comporte turmas e no mesmo ambiente em que o CEREM funcionar, no prazo de 60 (sessenta) dias;
  • Restabelecer a realização do pré-natal e exame preventivo de câncer de colo uterino no CEREM, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo da realização desses procedimentos também nas unidades básicas de saúde, devendo manter os demais atendimentos realizados no referido Órgão de Saúde da Mulher, como realização de Ultrassom, colocação/remoção de DIU, Drenagem de Glandula de Bartholin, Cauterização de HPV, Colposcopia com Biópsia.

Por redação RSC

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