Por Otaviano Carvalho
Recentemente teve início o Campeonato Citadino de Futsal Imbitubense, promovido pela Liga Imbitubense de Futebol. Um evento tradicional, que movimenta atletas, torcedores e famílias. Mas, entre os primeiros jogos, um episódio nos convida a refletir sobre algo muito mais profundo do que resultados em quadra: a ausência de inclusão real e a seletiva atenção da gestão pública.
Um cadeirante, membro da Aipodef – Associação das Pessoas com Deficiência Física de Imbituba –, fez um apelo simples, legítimo e justo: que fosse instalada uma rampa ou criado algum meio para que ele e outros pudessem assistir aos jogos de forma digna. O ginásio municipal não oferece qualquer estrutura adequada para esse público. O espaço sequer permite visibilidade para quem está em cadeira de rodas, além de estar sempre lotado e com intensa circulação de pessoas.
A Liga agiu. Em parceria com apoiadores, improvisou uma rampa de madeira. Simples, funcional. Não era perfeita, mas era um passo. E mais que isso: era um gesto de empatia e respeito. A rampa foi usada por duas rodadas, com segurança, e estava ali não apenas para o Citadino, mas para qualquer outro evento no ginásio.
Mas a rampa foi retirada.
A Prefeitura de Imbituba, por meio de fiscalização técnica, exigiu a remoção imediata, alegando que a estrutura não atendia às normas regulamentares.
E aqui nasce a pergunta que precisa ser feita, com toda a força que ela carrega:
O que a Prefeitura de Imbituba está fazendo – de fato – para resolver o problema da acessibilidade no ginásio?
Mais do que isso:Há projeto em andamento?
Há previsão de reforma?
Há vontade política?
Até quando pessoas com deficiência seguirão sendo invisíveis nos espaços públicos da cidade?
A velocidade com que se removeu a rampa – ao invés de adaptá-la ou buscar uma solução alternativa em caráter emergencial – expõe uma realidade dolorosa: inclusão ainda é tratada como obstáculo, e não como direito.
E esse zelo técnico tão eficiente, será que é aplicado com o mesmo rigor em outras situações?
Porque quando falamos de Imbituba, é impossível ignorar:
Galpões erguidos de forma irregular;
- Atividades logísticas que impactam o meio ambiente sem a devida compensação;
- Alegações de corrupção e má gestão de recursos públicos;
- Bairros com esgoto a céu aberto e obras inacabadas.
Para esses problemas, a resposta parece sempre ser a morosidade, a burocracia ou o silêncio. Mas para uma rampa improvisada, funcional e inclusiva, a resposta foi ágil, dura e implacável.
Encerro esta coluna com uma última pergunta: Por que a inclusão incomoda tanto?
Ou melhor: Por que ainda precisamos lutar por algo que deveria ser básico?
Inclusão não é favor. Não é detalhe. É urgência. É dignidade. É justiça.
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