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Famílias improvisam acampamentos para vigiar suas casas

  • (Imagem Rafa Neddermeyer) - Famílias improvisam acampamentos para vigiar suas casas

Medo de ter seus lares saqueados as mantém por perto

O novo comum na região metropolitana da cidade de Porto Alegre são as pessoas acampadas em barracas ou carros estacionados no acostamento das rodovias. Imagens recentes divulgadas mostram famílias desabrigadas buscando refúgio em locais próximos a suas residências alagadas. O medo de ter seus lares saqueados as mantém por perto.  

"Subimos para cá no dia 3 de maio e, na primeira noite em que chegamos aqui, o pessoal estava saqueando as casas da vizinhança, roubando fio, botijão de gás, motor de geladeira", conta Silvano Soares Fagundes, 28 anos, catador de material reciclável e morador da Vila Santo André, no Humaitá, na zona norte da capital gaúcha.

A poucos metros de sua casa, ainda alagada, em uma parte mais alta do terreno, ele, a esposa, duas filhas e vários vizinhos montaram um acampamento com lonas, barracas e até mesmo os próprios carros como casas. Cerca de 40 pessoas agora formam uma comunidade de desabrigados. 

O grupo faz parte das quase 600 mil pessoas fora de casa em todo o estado. 

O barulho e o movimento de veículos em alta velocidade na pista são intensos. Sem renda por não poder trabalhar na reciclagem, Hariana Pereira, 30 anos, o marido e os quatro filhos agora dormem no furgão antes usado para transportar os materiais coletados. 

"Aqui tem um banheiro químico, mas é precário. Há muitas pessoas que vêm ajudar, mandam remédio, água, é o que está garantindo a sobrevivência. O governo não manda nada. A gente até estava esperando um pessoal para cadastrar no programa Volta por Cima [do governo estadual], mas não apareceu", reclama.



Mais cedo, Hariana tinha ido ver o que sobrou dentro de casa, que chegou a ficar quase encoberta pela inundação, mas não teve coragem de começar a limpar ainda. "Vim hoje para limpar, mas não tem condições, tudo destruído, nada se salvou. O que a água não levou, estavam saqueando, então a gente preferiu ficar aqui", explica.

Sobre voltar para uma área alagável com a família, Hariana diz que não tem muita alternativa e responsabiliza as autoridades públicas. "Foi negligência. Os diques foram rompidos, não fizeram manutenção. Isso poderia ter sido evitado".

Para Silvano Soares, reerguer o pouco do que tinha não vai ser simples. Inscrito no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal, ele espera ser um dos 200 mil beneficiários do Auxílio Reconstrução, cujo cadastramento pelas prefeituras começou nesta semana. "Vai ajudar bastante, se chegar esse dinheiro que estão prometendo, porque não tem como começar do zero".  

Melhor juntos 

Outro motivo que faz as pessoas preferirem ficar na rua a optar por abrigos é a separação. "A gente não quis ir para o abrigo. É melhor ficar aqui. No abrigo estão separando os pais de crianças", alega Cristina Sodré Linhares, 24 anos, também catadora de recicláveis. Do Poder Público, Cristina espera ao menos que enviem equipamentos para tirar todo o entulho espalhado pela enchente dos materiais que estavam em dois galpões de reciclagem localizados no bairro.

Em área próxima dali, à beira da pista da BR-116, no bairro Farrapos, o casal Gilson Nunes Rosa e Claudia Rodrigues conta que não ficou em abrigo porque teria que se separar em locais diferentes, incluindo o cachorro, companheiro inseparável. "A gente não queria ficar separado e corria o risco de nunca mais achar meu cachorro", diz Claudia.

"A gente tá vivendo aqui de forma meio desumana, em barraca. Enquanto não secar, não temos como fazer nada", diz Gilson, que também está parado sem o trabalho de reciclagem.

Jorge Barcelos dos Santos, que trabalhava como motorista de frete, viu seu carro alagar na enchente e não sabe se poderá voltar a contar com o veículo. "Dentro de casa, a água chegou a 1,95 metro. O caminhão de frete, que era o ganha-pão, foi completamente coberto de água".

Sua esposa, Maria Elisa Rodrigues, explica a decisão de montar uma barraca quase em frente de casa, sob o viaduto, separados apenas por uma rua ainda alagada e por onde as pessoas circulam em barcos.



Fonte: Agência Brasil

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