Prefeitura de Imbituba nega alvará para Rosa Music Festival, mas ingressos continuam sendo vendidos
O Assassinato de Vitor Pinto: cronologia do crime que chocou Imbituba
-
- O assassinato de Vitor Pinto, de apenas dois anos, chocou o estado e gerou uma onda de protestos pedindo justiça - Foto: divulgação
Homem afirmou ter sido influenciado por “espíritos” que o mandaram matar uma criança para alcançar seus desejos profissionais e ganhar notoriedade
Em 30 de dezembro de 2015, um crime brutal abalou o município de Imbituba e a comunidade indígena Kaingang. O assassinato de Vitor Pinto, de apenas dois anos, chocou o estado e gerou uma onda de protestos pedindo justiça.
30 de dezembro de 2015 – O Crime
Por volta do meio-dia, Vitor Pinto estava com sua mãe, Sônia da Silva, em frente à rodoviária de Imbituba. A família Kaingang havia se deslocado de Chapecó para vender artesanato no litoral, como era costume durante o verão. Enquanto Sônia amamentava o filho sob uma árvore, um homem desconhecido se aproximou, fez carinho no rosto da criança e, em seguida, com um estilete, degolou Vitor, fugindo do local imediatamente. O crime foi presenciado por um taxista que estava próximo e viu o assassinato.
A mãe ficou em estado de choque, e os pertences do menino ainda permaneceram no local do crime por algum tempo após a fuga do criminoso. O assassino, identificado como Matheus de Ávila Silveira, 23 anos, foi visto por câmeras de segurança correndo do local logo após o ato. A brutalidade e a frieza do criminoso geraram espanto na população e os primeiros questionamentos sobre a motivação começaram a surgir.
31 de dezembro de 2015 – Prisão do Suspeito
No dia seguinte ao crime, a Polícia Militar, com o auxílio de helicópteros e uma intensa busca na região, prendeu Matheus de Ávila Silveira às margens da BR-101, próximo ao bairro Nova Brasília. Ele foi encontrado caminhando e apresentava as mesmas características físicas do autor do crime, conforme descrito pelas testemunhas e registrado nas câmeras de segurança.
Matheus foi levado para a delegacia de Imbituba, onde começou a ser interrogado. Inicialmente, ele negou qualquer envolvimento no crime, mas as evidências começaram a se acumular contra ele, incluindo roupas e acessórios semelhantes aos usados pelo assassino, encontrados em sua casa.
4 de janeiro de 2016 – A Confissão
A mãe de Vitor, Sônia da Silva, prestou novos depoimentos às autoridades, ainda em choque pelo ocorrido. Nesse período, manifestantes indígenas, familiares e moradores locais organizaram protestos em Imbituba e Chapecó, exigindo respostas e justiça.
Nesse mesmo dia, Matheus de Ávila Silveira confessou o crime durante seu terceiro interrogatório. Ele afirmou ter sido influenciado por “espíritos” que o mandaram matar uma criança para alcançar seus desejos profissionais e ganhar notoriedade. Silveira negou que o crime tivesse motivação racial, alegando que a vítima não foi escolhida por ser indígena, mas por ser uma criança indefesa, o que chocaria mais a sociedade.
Janeiro de 2016 – Investigações
Durante o mês de janeiro, a Polícia Civil aprofundou as investigações sobre o crime. Matheus foi mantido sob custódia, e a hipótese de xenofobia foi descartada pelas autoridades. Ele também afirmou ter estado alcoolizado no momento do assassinato. O inquérito policial foi concluído com a recomendação de que Matheus fosse indiciado por homicídio qualificado.
Em janeiro de 2016, Matheus foi transferido para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Florianópolis, onde ficou internado para avaliação psiquiátrica. O advogado de defesa argumentou que o acusado sofria de transtorno de personalidade, o que levou à internação.
13 de janeiro de 2016 – Primeira Confissão Pública
No dia 13 de janeiro de 2016, Matheus de Ávila Silveira fez sua primeira confissão pública, afirmando ter matado Vitor sob a influência de “espíritos”. A confissão ocorreu após a exibição das imagens de segurança e a apresentação das evidências encontradas em sua residência.
Março de 2017 – Julgamento e Condenação
Após pouco mais de um ano, no dia 15 de março de 2017, Matheus de Ávila Silveira foi levado a julgamento na Câmara de Vereadores de Imbituba. O processo durou mais de nove horas e contou com depoimentos de várias testemunhas, incluindo o delegado responsável pelo caso, Raphael Giordani.
Matheus foi condenado a 19 anos, 5 meses e 10 dias de prisão em regime fechado. A juíza Taynara Goessel aceitou todas as qualificadoras da acusação, incluindo o motivo torpe e a incapacidade de defesa da vítima. A defesa de Matheus alegou problemas mentais, mas não conseguiu convencer o júri a reduzir a pena. A sentença determinou que ele cumprisse sua pena no sistema prisional comum, e não em um hospital psiquiátrico.
O enterro de Vitor, realizado em sua aldeia Condá, em Chapecó, foi marcado por profunda tristeza e pedidos por justiça e proteção aos povos indígenas
Por Leandro Silveira
Deixe seu comentário