A jovem compartilhou sua trajetória no programa Espaço Aberto, da Rádio 89.3FM

No programa Espaço Aberto de quinta-feira (21), o locutor e apresentador Arenilton Carvalho e o  jornalista João Moraes, tiveram a oportunidade de entrevistar Mabily Albino. A jovem imbitubense, de 20 anos, luta contra o câncer desde de 2020, quando recebeu o diagnóstico em meio a pandemia, aos 17 anos de idade. 

A história dessa guerreira vem impactando diversas pessoas através das redes sociais, onde ela compartilha um pouco da sua jornada contra a doença. Mabily é natural de Imbituba, moradora do bairro Nova Brasília e veio de uma família tradicional católica. Seus pais, Márcio e Graziela, acompanham todo o processo de tratamento junto com a filha. 

A família descobriu o câncer por causa de uma dor no joelho. Ao fazer exames a garota, com 17 anos na época, foi encaminhada para o Cepon (Centro de Pesquisas Oncológicas), sem saber do que se tratava. 

“Quando estávamos indo para a primeira consulta no Cepon  meu pai falou por cima o que poderia ser, mas mesmo assim, eu não caí na realidade ali. Foi só quando eu soube do diagnóstico, no dia 13 de julho de 2020”, conta Mabily. 

Logo em seguida começaram os tratamentos do osteossarcoma (câncer nos ossos), através de quimioterapia. Mabily contou que quando os cabelos começaram a cair, mesmo que normalmente a mulher seja mais apegada ao cabelo, a princípio, ela gostou da “carequinha”. 

Após uma cirurgia de retirada do fêmur, e metade do joelho, uma endoprótese foi colocada no lugar. O tratamento de quimio continuou após a cirurgia e, por mais que estivesse debilitada, Mabily decidiu que continuaria compartilhando a experiência através das redes sociais. 

“Desde o início eu publiquei nas redes sociais porque eu sempre gostei, e eu não queria me privar disso, mesmo que fosse nesse momento delicado. Eu estava com câncer, mas eu não era o câncer, sabia que isso ia passar”, disse a jovem. 

Influência das redes

“Eu estava muito debilitada, ficava muito sozinha e as redes sociais começaram a me fazer mal. Eu me comparava muito às outras pessoas. Eu sentia que estava sozinha naquela luta”, era o sentimento que sobressaia após a primeira cirurgia. 

Um dia, ao pesquisar #cancerosseo no instagram ela descobriu diversos outros perfis de pessoas que também lutavam contra o osteosarcoma. A descoberta trouxe certo conforto e ânimo para mostrar um pouco mais da realidade do câncer e talvez ajudar alguém passando pela mesma luta. 

“Hoje eu colho o que eu plantei lá em 2020, todo o apoio que as pessoas me deram”, fala Mabily agradecida. 

​Novo medicamento proposto​

No início de 2022, foi descoberta uma recidiva do câncer, que fez com que a jovem precisasse passar por uma nova cirurgia e seguir um novo tratamento. Não houve queda de cabelo dessa vez e todo o medicamento era fornecido pelo SUS, mas na metade do ano de 2023 uma nova recidiva apareceu. 

Após muitos exames, foi descoberto que não havia apenas uma metástase, mas sim algumas espalhadas pelos ossos do corpo. O tratamento realizado para combater as metástases não surtiu efeito. 

O novo medicamento proposto não é fornecido pelo SUS. Se tratando de entrar na justiça para solicitar o tratamento, não haveria um prazo para a chegada dos comprimidos. “Nós até já entramos na justiça, mas quanto antes a gente conseguisse os medicamentos, melhor. É uma esperança que a gente tem”, explicou ela. 

Visualizando toda a situação, a família então iniciou uma vaquinha para conseguir uma caixinha do remédio, que custa cerca de 25 mil. Cada caixa vem com 84 comprimidos, 4 por dia, durante 21 dias. “O remédio dura três semanas, eu tenho que repousar uma e aí retorno com o medicamento”, citou ela. 

O resultado da vaquinha superou todas as expectativas. “Eu fiz a vaquinha e eu realmente tive um resultado que eu não esperava. Em menos de 24 horas a gente já tinha conseguido 46 mil. Eu vi como a minha história comoveu as pessoas aqui em Imbituba”, declara Mabily a respeito do resultado que trouxe tranquilidade quanto a continuidade do tratamento e muita gratidão pelo apoio. 

Deus e família

As pessoas que também tiveram um papel fundamental em todo esse processo foram aqueles que estiveram ao lado de Mabily. Ela fez questão de deixar carinho para a família e o noivo. 

“Só tenho a agradecer a eles, porque se eu to aqui hoje é porque eles não deixaram a minha peteca cair, e quando ela caiu eles estavam ali pra me confortar, tanto meu pai, quanto minha mãe, minha irmã e meu namorado. Eles me apoiam demais, me dão conforto, realmente são um porto seguro pra mim”

A jovem católica, não poderia deixar de falar sobre sua fé e fez questão de contar sobre a importância de Deus em toda a jornada. 

“A gente tem a ideia ilusória de que se a gente tá com Deus, Ele vai nos proteger e a gente não vai passar por esse tipo de coisa. Depois de passar por tanta coisa eu vi que na verdade não é Ele quem permite a gente passar pela doença. A doença é uma circunstância, consequência da gente como ser humano enquanto a gente tá aqui vivendo essa vida. É consequência genética, ou do ambiente ou de hábitos mesmo. Eu acredito que não é Deus que te entrega uma cruz, como algumas pessoas falam. Eu acredito nisso e tem sido a minha fortaleza. Eu percebi que quando eu estava mal, era ele que estava lá comigo, e quando eu estou bem, ele que está lá comigo tambem”, declarou ela sobre a sua fé. 

Mabily deixou seu agradecimento a todos que apoiaram a causa para conseguir os recursos para o tratamento e disse que continuará compartilhando sua luta diária nas redes sociais e em palestras. 

A vaquinha permanece em aberto para aqueles que quiserem ajudar a Mabily com os gastos de transporte, medicamentos e exames. 

Por Duda Indalêncio