Quando o amor vira profissão: mãe troca a arte pela fisioterapia para cuidar da filha e hoje transforma vidas em Imbituba
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- Quando o amor vira profissão: mãe troca a arte pela fisioterapia para cuidar da filha e hoje transforma vidas em Imbituba
Fernanda se formou em fisioterapia para cuidar da filha com paralisia cerebral e hoje atua na rede pública atendendo pacientes com doenças raras e limitações motoras
A figura de uma mãe tende a transmitir força, resiliência, amor e cuidado. E foi exatamente isso que os ouvintes da Rádio 89 puderam sentir ao escutar a entrevista com a fisioterapeuta Fernanda, transmitida nesta semana. Natural de Porto Alegre e formada em Escultura e Crítica de Arte, Fernanda viu sua vida mudar após o nascimento da filha Júlia, que sofreu uma anóxia perinatal e ficou com sequelas neurológicas severas. A menina, hoje com 16 anos, é tetraparética e não consegue caminhar, falar ou coordenar movimentos.
Aos poucos, Fernanda precisou deixar a carreira artística de lado para se dedicar exclusivamente aos cuidados da filha. "Eu me afastei da arte e fui cuidar só da Júlia", contou durante a entrevista. Depois de anos levando a filha a diferentes terapias, hospitais e centros de reabilitação, ela percebeu que não conseguiria mais garantir todos os tratamentos, especialmente quando os atendimentos públicos passaram a ser suspensos por falta de progresso. Foi nesse momento que ela tomou uma decisão transformadora: estudar fisioterapia.

Durante cinco anos, Fernanda frequentou a universidade à noite, enquanto Júlia a acompanhava nas aulas. "A gente ia pra escola de manhã, tratamento à tarde, faculdade à noite. A Júlia sempre junto", relembra. Em 2019, ela concluiu o curso em Bragança Paulista (SP) e, durante a pandemia, foi chamada para assumir um concurso em Imbituba. Desde então, atua na rede pública municipal, atendendo especialmente casos de crianças com deficiências graves.
Uma dessas crianças é a pequena Alejandra, de oito anos, que tem uma doença genética rara e faz uso de ventilação mecânica. Fernanda é sua fisioterapeuta há cinco anos e a visita regularmente em casa. A ligação entre profissional e paciente, no entanto, vai além do atendimento clínico. "Quando eu conheci a Ângela, mãe da Alejandra, me vi muito na história dela. Aquela dedicação, aquele amor, aquele cuidado... Eu já vivi tudo isso", contou, emocionada.
Ao longo da conversa, Fernanda também falou sobre a importância da empatia no trabalho e como sua vivência como mãe molda sua atuação como fisioterapeuta. "Não é só o lado profissional. Eu tenho o outro lado da história. Já estive lá. Isso muda tudo", refletiu.
A história de Fernanda, de sua filha Júlia, de Angela e Alejandra, é um lembrete da força do cuidado e da coragem de quem transforma a dor em propósito.
Por Redação RSC
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