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Política

Operação Presságio: quem é o doleiro envolvido com tráfico que fez Pix a ex-secretário

  • - Pix de doleiro a ex-secretário municipal chamou a atenção da Polícia Civil durante a investigação da Operação Presságio, que apura corrupção e crimes ambientais em Florianópolis – Foto: Divulgação/PCSC

Marcelo Lucena da Silva foi citado pela Operação Presságio como o doleiro acusado de lavagem de dinheiro para uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína

Em meio aos quase R$ 1 milhão movimentados em contas bancárias, entre 2020 e 2021, pelo ex-secretário de Florianópolis, Ed Pereira, um depósito chama a atenção da Polícia Civil na Operação Presságio. Trata-se de um Pix feito por Marcelo Lucena, um doleiro conhecido por investigações contra organizações criminosas em outros estados e no exterior.

Ed Pereira — investigado por corrupção e crime ambiental na Operação Presságio — recebeu um pix de R$ 6.666, em 3 de março de 2021, de Lucena, residente de Pernambuco. Tal movimentação, relatada no relatório da operação, foi considerada suspeita pela Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) da Polícia Civil.

“Chama atenção que um agente político, ocupante de cargo público comissionado, residente no Sul do país, suspeito de receber verbas indevidas, possua relacionamento com um doleiro residente no Estado de Pernambuco”, destaca a Deic.

No pedido de busca e apreensão, a Deic cita um breve histórico de Lucena. Uma das investigações contra ele resultou na Operação Descobrimento, da PF (Polícia Federal). 

“Parte da referida investigação se desenrolou em Rondônia, estado de origem da empresa Amazon Fort”, frisa a Polícia Civil de Santa Catarina — a empresa foi o pivô da Operação Presságio, em Florianópolis.

“[Marcelo Lucena da Silva] é um conhecido doleiro que serve a organizações criminosas no Brasil e no exterior, sendo preso pela Polícia Federal durante a deflagração da Operação Descobrimento, ocorrida no ano passado [2023]”, ratifica a Polícia Civil.

“Qual a razão desse depósito? Qual o vínculo existente entre eles? Qual a origem desse dinheiro?”, questiona a Polícia Civil de SC.

A reportagem procurou o contato da defesa de Marcelo Lucena da Silva, mas não conseguiu localizá-la até a última atualização desta matéria. A reportagem também questionou Ed Pereira por telefone na noite de segunda-feira (22) sobre o suposto envolvimento dele com o doleiro. O ex-secretário recebeu as mensagens, mas não respondeu às perguntas enviadas.

Doleiro foi preso por lavar dinheiro para organização criminosa

A Operação Descobrimento, na qual Lucena foi preso, desarticulou uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína. As investigações da operação começaram quando 595 kg de cocaína foram encontrados escondidos na fuselagem de um jato executivo de uma empresa portuguesa de táxi aéreo, que pousou no aeroporto internacional de Salvador, Bahia, para abastecimento em fevereiro de 2021.

Conforme a Polícia Federal apontou mais tarde, o carregamento de cocaína pertencia à doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, primeira delatora da Operação Lava Jato. Ela teria se aliado a Marcelo Mendonça de Lemos, um integrante do alto escalão do PCC (Primeiro Comando da Capital) para enviar cocaína à Europa, segundo noticiado pelo UOL.

De acordo com a Polícia Federal, o doleiro Lucena é acusado de cuidar das transações financeiras e da lavagem de dinheiro de Kodama e Lemos, chefes da organização criminosa. A investigação da Operação Presságio apontou que parte da Operação Descobrimento ocorreu em Rondônia, Estado de origem da empresa Amazon Fort, investigada no suposto esquema de corrupção de Florianópolis.

Doleiro enviou um PIX para Ed Pereira em março de 2021 – Foto: Reprodução


Ed Pereira é investigado por corrupção e crime ambiental

Ed Pereira é um dos investigados pela Polícia Civil por corrupção e crime ambiental na contratação de uma empresa terceirizada sem licitação pela prefeitura de Florianópolis. Pereira e outras três pessoas, incluindo sua esposa, a assessora parlamentar Samantha Santos Brose, sofreram mandados de buscas e apreensão na manhã de hoje.

Segundo consta no processo da investigação, “foram identificadas três contas bancárias em nome do investigado Edmilson Pereira”. Entre 01/06/2020 e 25/10/2021, período em que houve afastamento do sigilo bancário, ficou constatado que o ex-secretário movimentou aproximadamente R$ 870.513,80 nessas três contas.

Ainda de acordo com a investigação, o montante total foi “diluído em 68 depósitos em dinheiro, a grande maioria sem identificação do depositante e em quantias abaixo da que obrigaria a identificação”.

Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Pereira atribuiu um tom político à operação e afirmou ser investigado porque “lá na época, em 2021, era secretário de Esporte, Cultura e Lazer”.

“Eu quero acreditar que é pura coincidência que em 2024, ano de eleição que essa investigação avance e que o meu nome acabe envolvido no processo. Inclusive, um dos agentes que participou da operação lá em casa parecia bem interessado pelo meu futuro político, ao ponto de afirmar que eu era candidato a vice-prefeito”, comentou.

Por ND+


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