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Duda Indalêncio: Viver inutilmente… continuação (a pedido especial)
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Imagem gerada por IA - Duda Indalêncio: Viver inutilmente… continuação (a pedido especial)
Por Duda Indalêncio
Na última coluna falei brevemente sobre um acontecimento que, durante dias, teve grande repercussão nas redes sociais e portais de notícias em todo o mundo: o assassinato de Charlie Kirk.
Kirk era um homem político, e grande parte das pessoas o viam assim, em um meio em que discordâncias geram conflitos e muito ódio. Eu não sou uma espectadora da política e não pretendo me aprofundar nessas questões aqui, mas posso dizer que, assim como qualquer outro político, ele deve ter tido seus discursos memoráveis, suas falas distorcidas e momentos em que usou palavras infelizes e irritou muitas pessoas - assim como representava muitas outras. Nada novo por aqui.
A morte de Charlie gerou reações variadas. Deparei-me com vídeos de pessoas celebrando o acontecimento, dizendo que “alguém precisava fazer” ou que “deveriam ter feito isso antes”, entre outras frases lamentáveis. A meu ver, esse tipo de manifestação dizia muito mais sobre elas do que sobre o falecido.
Mas, acima de qualquer manifestação desse tipo, estava a postura de Erika Kirk, a viúva de Charlie, que teve a força de subir em um palco diante de centenas de pessoas e dizer: “Eu o perdoo porque é isso que Cristo faria.”
A partir disso, centenas de pessoas foram levadas a refletir sobre o que aconteceu - não sobre Kirk ter sido alguém fora do comum, ele era só um homem, mas sobre a profundidade da mensagem que carregava. Em sua morte, esse homem conseguiu levar diversas pessoas a Cristo, assim como em sua vida. Porque, pasmem, ele não era apenas um ativista político.
Erramos muito ao achar que encontraremos cristãos sem falhas, todos com a mesma opinião e atitudes. Nas próprias igrejas existe diversidade de posicionamentos - políticos, doutrinários, de estilo de vida, entre tantos outros. É preciso ter bom senso, empatia e amor para respeitar e aceitar que pessoas podem pensar diferente de nós em certas áreas e ainda assim estar em comunhão uns com os outros naquilo que a Bíblia nos ensina e que deveria ser o mais importante na vida de um cristão.
Parece simples, não é? Mas muitos não conseguiram pôr isso em prática em relação a Charlie Kirk - assim como acontece com tantos outros que se posicionam de forma mais evidente em questões políticas. Ainda assim, a maneira como sua morte foi transformada em testemunho me fez lembrar de um texto poderoso escrito pelo apóstolo Paulo: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.” (Filipenses 1:21).
Esse verso é um dos muitos escritos pelo apóstolo Paulo que certamente marcou a mente de inúmeros cristãos. Mas como poderia alguém dizer que morrer é lucro? Seria um seguidor de Cristo alguém que carrega tamanha tristeza a ponto de pensar algo assim?
A resposta é não. O “morrer é lucro” de Paulo não é um desejo de acabar com a própria vida, mas uma afirmação de que a vida aqui é passageira e de que existe uma esperança eterna reservada para os que permanecem em Cristo. Essa esperança está embasada nas promessas bíblicas de que Jesus voltará e, quando Ele voltar, nos levará consigo, para que onde Ele estiver estejamos também (João 14:3).
E é aqui que voltamos ao ponto inicial: viver inutilmente.
De que adianta alcançar tudo o que o mundo oferece, viver cada experiência desejada, colecionar títulos, curtidas e aplausos, se no final tudo isso não frutifica para o Reino? É por isso que Paulo também escreve: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” (1 Coríntios 15:58).
A vida de Charlie Kirk, com seus acertos e erros, e a postura de sua viúva nos lembram disso: uma vida vivida por Cristo nunca é inútil. Mesmo que sejamos apenas humanos, em meio a nossos erros e falhas, podemos refletir uma luz que não vem de nós e, pelo agir do Espírito Santo, gerar frutos que permanecem para a eternidade.

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