Espetáculo “Pai” emociona e provoca reflexão em apresentação no Teatro Usina, em Imbituba
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Foto: Allan Royer - Espetáculo “Pai” emociona e provoca reflexão em apresentação no Teatro Usina, em Imbituba
Texto autoral de Djonattan Palhano, do Grupo Devaneio Teatral, aborda conflitos familiares, diálogo e preconceito com intensidade e sensibilidade
O Teatro Usina recebeu, na noite dessa quarta-feira (12), o espetáculo Pai, produção do Grupo Devaneio Teatral, de Palhoça, que levou ao palco uma narrativa profunda sobre relações familiares, intolerância e a urgência do diálogo dentro de casa. O texto é assinado por Djonattan Palhano, ator, assistente social e um dos fundadores do grupo, que transformou vivências profissionais e pessoais em dramaturgia.
Djonattan conta que a ideia de escrever o texto nasceu de sua trajetória no serviço social, atuando diretamente com famílias enfrentando conflitos, vulnerabilidades e diferentes formas de violência. A combinação dessas experiências com sua paixão pelo teatro resultou em uma obra construída aos poucos, lapidada ao longo do tempo e pensada para provocar reflexão no público. “Quis colocar no papel emoções, temas e situações que vemos diariamente, e o teatro me permitiu transformar tudo isso em algo vivo”, destaca.
Embora o título Pai remeta a uma figura específica, o autor explica que a peça vai além. Ela aborda relações entre pais e filhos, mães e filhos, parceiros e parceiras. O espetáculo discute respeito, escuta, afeto e limites; e também expõe, com força, a violência doméstica, a imposição de autoridade e a LGBTfobia, elementos que, infelizmente, ainda fazem parte da realidade de muitas famílias brasileiras. Djonattan ressalta que, apesar de algumas falas lembrarem posturas antigas, o texto é contemporâneo, pois retrata comportamentos que continuam presentes no dia a dia.
O elenco formado por Gabriel Teixeira, Danilo Lins, Sarah Andrade e o próprio Djonattan Palhano deu vida aos personagens com intensidade e entrega emocional. Segundo o autor, esse foi um dos grandes desafios do grupo: separar a experiência pessoal de cada ator dos conflitos apresentados em cena. “São situações reais, falas reais. Quando entramos no palco, aqueles personagens existem. Precisamos lidar com isso sem deixar que a carga emocional ultrapasse a fronteira do espetáculo”, explica.
Durante o processo de criação, montagem e estudo, momentos de forte emoção marcaram o elenco, especialmente nas cenas em que a falta de respeito, o autoritarismo e a ausência de diálogo se evidenciam. Para Djonattan, essas situações tocam porque refletem um problema recorrente: a dificuldade de se colocar no lugar do outro. “Vivemos em um mundo cada vez mais individualista, e o teatro nos lembra da importância de ouvir, respeitar e compreender”, diz.
A apresentação em Imbituba ganhou ainda mais significado pelo impacto perceptível na plateia. A reação do público reforçou o propósito do Grupo Devaneio Teatral: usar a arte não apenas como entretenimento, mas como instrumento de transformação social. Djonattan afirma que o teatro deve provocar, mobilizar e sensibilizar. Pai foi pensado exatamente para isso. “Se alguém sai do teatro refletindo sobre suas atitudes, suas relações e sua forma de lidar com o outro, já cumprimos nosso papel”, completa.
Com temas fortes e atuações envolventes, Pai deixou sua marca no Teatro Usina e proporcionou ao público imbitubense uma experiência artística de profundidade, sensibilidade e necessária reflexão.
Por Redação RSC

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