logo RCN

Júri de Paulo Odilon Xisto Filho tem depoimentos de perito e do réu

  • Foto: Equipe RSC - Júri de Paulo Odilon Xisto Filho tem depoimentos de perito e do réu

Sessão desta quinta-feira trouxe versões distintas sobre a morte de Isadora, entre laudo toxicológico e relato pessoal de Paulo

O júri que apura a morte de Isadora seguiu nesta quinta-feira (4) com o depoimento de testemunhas e também do réu, Paulo Odilon Xisto Filho. A defesa apresentou o médico Sami El Jundi, especialista em Medicina Legal e mestre em Medicina Forense, que contestou pontos do laudo inicial e atribuiu a morte a uma intoxicação aguda por cocaína associada a complicações médicas.

Segundo Sami, a análise toxicológica identificou no organismo de Isadora concentrações de cocaína superiores ao limite considerado letal, resultado que seria compatível com a hipótese de overdose. El Jundi destacou ainda que a substância foi detectada no sangue, no estômago e na urina da vítima, o que, em sua avaliação, indica uso constante e também ingestão, e não apenas aspiração da droga.

El Jundi afirmou que o crânio e o coração não foram examinados de forma completa, e ressaltou que a vítima não apresentava marcas típicas de agressões físicas, como lesões no rosto, pescoço, costas ou tórax. As marcas observadas no tórax, segundo ele, seriam compatíveis com o uso de desfibrilador e com as manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) realizadas durante cerca de duas horas no hospital.

Sobre a ruptura da veia cava, apontada no laudo oficial, o perito sustentou que a lesão poderia ter ocorrido em consequência das compressões torácicas da RCP, procedimento que, embora essencial, é altamente traumático. Ele acrescentou que a vítima chegou a apresentar batimentos cardíacos em três momentos durante o atendimento médico, o que, em sua visão, contraria a hipótese de morte imediata por agressão ainda no apartamento.

Na conclusão, a testemunha afirmou que acredita que a morte de Isadora resultou de intoxicação aguda por cocaína, associada a complicações traumáticas decorrentes das manobras médicas, e não de violência física.

Em nota, os advogados de defesa Aury Lopes Jr. e Ércio Quaresma afirmaram que o depoimento “esclareceu as informações e a cronologia dos fatos que estavam distorcidos”. Para a defesa, “ficou demonstrado que a tese acusatória de chutes, socos e pontapés foi uma ilação do perito, pois a realidade aponta para o lado oposto: a vítima veio a óbito em decorrência de uma overdose de cocaína”.

Testemunho de Paulo

Em seguida, o próprio Paulo prestou testemunho. Disse que, na época do relacionamento com Isadora, não vivia uma boa fase, fazia uso frequente de drogas, mas afirmou que tratava a jovem com “cuidado e carinho”. Contou que os dois costumavam sair juntos, consumir bebidas alcoólicas e drogas nos fins de semana.

Sobre a noite da morte, Paulo disse que os dois haviam consumido cocaína. Ele afirmou que trancou a porta do quarto, onde estava sozinho, para que Isadora não o acordasse e tomou um remédio para dormir. Mais tarde ele foi acordado por Roger, seu cunhado, que arrombou a porta após Isadora ligar para a irmã do réu dizendo que ele estaria passando mal. Paulo negou que tenha espumado pela boca ou que a jovem tenha gritado por ajuda, como foi relatado em juízo, e disse que não houve discussão após o episódio. Mais tarde, segundo ele, Isadora entrou em convulsão, chegou a dizer que havia engolido uma “bola” e pediu socorro. Paulo relatou que ligou para um amigo médico e, em seguida, para o SAMU, recebendo orientação para iniciar manobras de RCP até a chegada dos bombeiros.

Paulo afirmou que não acompanhou Isadora na ambulância porque tudo teria acontecido rapidamente e que estava transtornado. Disse ainda acreditar que a vítima ingeriu a droga que ele mantinha guardada em casa, já que não encontrou mais o material no local. Segundo ele, foi nesse contexto que a amiga Natália foi ao apartamento, para procurar a droga com objetivo de saber se era o que Isadora havia consumido, e acabou lavando um lençol, sem que houvesse pedido, para “arrumar a casa” para a volta de Isadora.

O réu relatou também que não foi autorizado a entrar no hospital por não portar documentos da jovem, e que foi abordado por policiais ainda no pátio, descrevendo a ação como “grosseira”. Justificou sua ausência no velório dizendo que temia represálias, especialmente após o vazamento de laudo, e declarou que uma “barreira” foi criada entre ele e a família da vítima.

Durante o depoimento, Paulo chorou ao afirmar que se arrepende de ter dormido naquela noite, deixando Isadora sozinha. Disse que nunca mais voltou ao apartamento e mudou de residência. Por fim, negou episódios de violência contra familiares de Isadora, afirmando que algumas falas eram em “tom de brincadeira” entre irmãos.

Por Redação RSC
​​

Caso Isadora: Júri em Imbituba condena Paulo Odilon Xisto Filho a 12 anos de prisão Anterior

Caso Isadora: Júri em Imbituba condena Paulo Odilon Xisto Filho a 12 anos de prisão

Homem é esfaqueado após discussão em praça de alimentação em SC Próximo

Homem é esfaqueado após discussão em praça de alimentação em SC

Deixe seu comentário